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Resenha : Maria Rita - Amor e Música





Maria Rita é uma cantora metamórfica. Nascida em berço musical a artista relutava a vontade de se entregar a música; quando finalmente soltou a voz, foi um estouro. "Maria Rita", seu álbum de estreia vendeu milhões e causou estardalhaço em todo cenário musical na época de seu lançamento. Premiada ( a cantora ostenta 11 troféus do Grammy na estante de sua casa, sendo a maior recordista brasileira) e aclamada, a cantora ainda encontrava dificuldades para deixar sua marca própria, carregar o fardo de ser filha de Elis Regina também não a favorecia da maneira que deveria. Entre vai e vens em estilos musicais (  MPB, Bossa, Jazz, Rock) e comparações por vezes cruéis e desnecessárias a sua mãe, Maria finalmente se encontrou no Samba, e no Samba soltou sua voz, e é isso que a intérprete tem de melhor, VOZ.

"Chama de Saudade" inédita de Davi Moraes, Fred Camacho e Luiz Paiva ( trio que colabora com Maria Rita em quase todas as faixas do trabalho),  abre o álbum. Com letra romântica e lírica, lindamente cantada por Maria Rita entre agudos e vibratos. Maria nos leva a uma sensação de leveza e paixão. Não é uma faixa muito animada como se espera na abertura de um álbum de samba, pelo contrário, é uma faixa leve.  E de leveza em leveza somos apresentados a seu mais novo projeto.

-Mandou me chamar eu vou, nos passos da emoção- canta Maria na animada "Nos passos da Emoção". Temos aqui uma Maria Rita cantando em tom alto e elétrico realizando com maestria toda a animação requisitada pela faixa.

"Saudade Louca", nos trás mais uma canção de amor com uma boa interpretação de Rita. "Cara e Coragem" segue o mesmo padrão das faixas já mencionadas, não há inovações, mas a voz e o carisma de Maria faz valer a pena cada segundo da música.

"Amor e Música", faixa título e já conhecida por estar disponível na pré-venda do álbum, é uma das melhores do projeto : "Toca nesse tom que é bom a beça, toca sempre nessa mesma tecla, mescla de amor e música" canta Maria, curiosamente essa estrofe resume bem o conceito do álbum, mesmo tom, mesmo arranjo, mas "bom a beça" e temperado pelo amor de Maria a música.

"Cadê Obá" é aquela faixa que dá vontade de sair dançando enquanto se escuta. A letra traz referências ao candomblé e temos Maria Rita alcançando notas altíssimas.
   "Reza" dá uma acalmada, é uma faixa mais tranquila e serve como descanso para o que já ouvimos. Particularmente, eu gostei muito de "Reza", a faixa me lembra muito "Caminho Das Águas" presente no segundo disco da cantora.

Somos apresentados a "Nem Por Um Segundo" oitava faixa do disco, e uma das mais melancólicas, Maria canta num tom que penetra no nosso interior e segue cantando com emoção a faixa escrita por Zeca Pagodinho.

"Pra Maria" retorna à uma antiga parceria de Rita, Marcelo Camelo. Não vemos muita diferença dessa faixa com as outras escritas pelo barbudo do Los Hermanos, o teor do lirismo é o mesmo apresentado em canções como : "Santa Chuva" e "Casa Pré-Fabricada". O diferencial é o arranjo de samba, (mas não nos remetendo a "Cara Valente") um samba mais sentimental que combina perfeitamente com a melancolia presente na maioria das letras do Hermano. Aqui vemos também o grande dom de Maria Rita. Ela consegue pegar qualquer canção, até de um compositor já estabelecido com seu estilo próprio como Camelo e toma essa canção como sua. Maria nos entrega mais uma excelente interpretação e como já diz a letra  "Roda Maria, que hoje o samba é para você"

"Samba e Swing" e "Perfeita Sintonia" décima e décima primeira faixa simultaneamente nos apresenta o mais do mesmo, não temos nenhuma inovação, mas não precisamos. São faixas animadas e dançantes e cumprem com o samba prometido.

"Cutuca" penúltima música do álbum e primeira a ser apresentada como single é o encerramento que necessitamos. A faixa é uma delícia de se ouvir e Maria canta com um tom de gozação e alegria na voz, é divertida e agradável de se escutar. Após "Cutuca" temos a última faixa do seu trabalho, uma releitura de "Amor e Música", dessa vez em versão bolero. A faixa já era uma das melhores do álbum com o samba e mantém a qualidade na nova versão. Em comparação, temos aqui uma faixa mais triste e bem trabalhada vocalmente, quanto que na primeira música  temos uma faixa alegre e animada. Fica a caráter do ouvinte escolher sua versão favorita. E assim chegamos ao fim do álbum.

Em seu novo trabalho Maria Rita se entrega de vez ao samba, temos comodidades e repetições em algumas faixas, mas não há problema nisso. Maria Rita não precisa provar mais nada a ninguém. Nadando contra a maré comercial, Maria encontrou seu estilo e segue com bons trabalhos, mantendo assim o posto de a melhor cantora da sua geração e a mais representativa no cenário do samba atual. Um álbum bem trabalhado para um ouvinte comum, e um álbum delicioso para um apreciador do samba. 

Nota : 8/10









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