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Resenha | APELES - Crux




Cantor e compositor Eduardo Praça, que passou por bandas conhecidas na cena independente brasileira,  Ludovic e Quarto Negro, lançou hoje pelo selo Balaclava Records seu segundo álbum solo 'Crux', que trilham o mesmo caminho do álbum antecessor (excelente) Rio do Tempo, trazendo aos nossos ouvido uma sonoridade melancólica meio ou (completamente) dark com base instrumental que sustenta o disco até o fim.

Para anunciar a chegada do novo álbum, Apeles lançou quatro single 'A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços', 'Reflexo Turvo', 'Pássaro Nu' e 'Torre dos Preteridos', no qual dois dos quatro single ganharam videoclipe, confira no final do post.

Gravado entre janeiro de 2018 e o último janeiro deste ano, entre São Paulo e Berlim, CRUX traz Guri Assis Brasil em três faixas e Thiago Klein, ex-Quarto Negro, nos pianos e sintetizadores. Sua capa tem arte de Izabel Menezes e foto de Rodrigo Bueno, com direção de arte de Manoela Moura.


Foto 📷 Rodrigo Bueno 


Em parceria com MultimodoBR conversmos com Eduardo Praça que nos conta mais detalhes sobre Crux e as inspirações por trás de cada faixa.


Deságua
Primeira faixa do álbum, foi provavelmente a música que mais mexi nas mixagens, inicialmente ela funciona com outro andamento e tinha ares um pouco mais folk do que ela se tornou. Escrevi a letra dessa música durante um período que estava enfrentando muita ansiedade e angústia, com o futuro do disco bem incerto, então ela acabou por ser brutalmente íntima, revisitando todos os meus demônios durante o processo de gravação. A ideia de colocar os trovões na música veio de uma música do Kinks que amo, chamada Rainy Day in June. A faixa também conta com um trabalho primordial de synths do meu amigo Thiago Klein, parceiro de Quarto Negro.

A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços
Essa música teve sempre a mesma ideia, que funcionasse em uma pista (Pelo menos a minha). Antes ela era um pouco mais orgânica e rápida, dei uma diminuída no tempo pra que ela fluísse mais. A letra veio da efemeridade dos tempos atuais, minha relação de amor e ódio com redes sociais, celulares e a as relações pessoais da nossa geração. A primeira do disco que me aproxima dessa estética Dark Disco que perpetua em algumas faixas do álbum.

Pássaro Nu
Provavelmente a faixa mais obscura do álbum, mas mesmo assim de alguma forma dançante. Essa foi a música que mais mudou do dia que escrevi. Compus ela no violão, e ela era uma espécie de honky tonk torto, mas fui tirando os elementos todos, guitarras, violão, até chegar nessa que chama de uma mistura de Depeche Mode com Canto de Ossanha. “Um Brasileiro à tua porta”, provavelmente um flerte com o descontentamento que tenho com a situação geo-política no Brasil e eu vários lugares, o sentimento de abandono de muita gente que não se sente representada.

Pele
Foi a primeira música do álbum a ser escrita, encomendada pelo diretor Daniel Barosa, para o filme Boni Bonita, que sai em breve. A ideia era ter um tema que retratasse de forma melancólica mas de alguma forma sensual a relação conturbada dos personagens do filme, que está previsto para sair nesse ano e conta com grande elenco.

Reflexo Turvo
Última faixa a entrar no álbum. A única faixa do álbum que preservei as demos e não tentei regravar nada em estúdio além das vozes. Foi feita de uma forma tão visceral que não me atrevi a tentar regravar, mesmo que soasse diferente do resto do álbum. Outra ode a minha luta contra minha consciência. As vozes foram inspiradas em Cold Turkey do John Lennon. Provavelmente minha maior referência.

Crux
Faixa tema do álbum, é sem dúvidas a mais grandiosa e emocional. Foi a última letra que escrevi, no último dia de estúdio que tinha. Quando comecei a escrever ela, era pra que soasse algo mântrico, aproximado ao Krautrock, mas acho que não consegui fugir muito dessa atmosfera Slowdive, o que é ótimo também. Queria que a letra soasse mais como uma poesia falada do que uma grande melodia, que fosse um recado a ser passado mais do que uma grande canção. Outro trabalho magistral do Thiago Klein, nas teclas.

Rebeca
Uma das minhas preferidas, provavelmente o único momento de tranquilidade do álbum. Rebeca, ao contrário do que a maioria das pessoas inicialmente pensa, não é uma pessoa, e sim uma síndrome, imortalizada pelo Hitchcock, também conhecida como a soma de todos os afetos. É complexa e subjetiva, vale a pesquisa. A única que coloquei elementos de sopro, com clarinete, todos gravados em Berlin.

 Torre dos Preteridos
Última música do álbum, é a sem dúvidas a mais nostálgica do disco. Escrevi durante um carnaval como uma sketch, que durava pouco, e depois quando já estava morando em Berlim, acabei deixando ela mais atmosférica. Foi uma das últimas a serem gravadas e conta com guitarras muito especiais do músico João Augusto Lopes, Jojô, que deu uma cara única pra música. A frase que abre, “Calma, prometo ir com calma” é algo que resumi bem o disco, tentando digerir cada passo em uma eterna luta contra minhas ansiedades.

Acompanhe APELES:

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