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Resenha: Sinto Muito - DUDA BEAT


Eduarda Bittencourt nasceu em Recife, terra do Manguebeat e de belas tradições musicais. Desde pequena, demonstrou interesse pelo canto. Se mudou para o Rio de Janeiro na época em que se formou na escola, ainda com o desejo de cursar Medicina. Toda essa jornada, com uma participação inevitável de alguns amores que teve ao longo da vida, culminou em seu primeiro álbum de estúdio.

Depois de anos de sofrimento por amor, a pernambucana radicada no Rio Duda Beat amadurece e dá a volta por cima na sua empoderada estreia musical. Em 11 faixas, ela faz um registro feminino, pessoal, sincero e encarando seus próprios demônios com alegria e bom humor.

Com um nome que reflete as paixões em excesso e o processo de superação, “Sinto Muito” é um verdadeiro diário de desabafos ácidos. Enquanto a música trilha um caminho entre os sons do Rio e do Nordeste, unindo as raízes do passado de Duda com um futuro por vir, as letras dão voz a uma mulher romântica que não consegue se adaptar à fluidez dos relacionamentos contemporâneos.

Duda Beat por Ana Alexandrino

A estreia musical de Duda Beat começou a ser desenhada dois anos atrás, quando ela trouxe suas letras e melodias para a casa de seu amigo de infância, o produtor musical Tomás Tróia. Ele não teve dúvidas e começou a criar a produzir as faixas com ela. O que era tristeza virou festa e arte, o que era dor de cotovelo virou um romance entre Duda e Tomás.

 “A minha música foi uma forma de me curar e de extravasar, mas ao final do processo descobri que ela vai falar com todas as pessoas que sofrem por amor, que amam e são rejeitadas e que não se encaixam no mundo moderno dos relacionamentos fugazes”, reflete Duda.

 A sonoridade une indie, tecnobrega, axé, balada romântica e pop enquanto ela chora de solidão (“Back to Bad”), ri de si mesma (“Bédi Beat’), experimenta o sexo descompromissado (“Bixinho”, que ganhou clipe), faz gozação da noite cool do Rio (“Ninguém Dança”) e assume que nenhum amor é grande o bastante pra ela (“Todo Carinho”). Tudo com um clima de cumplicidade.

 “Confesso que tornar pública a minha vida, dessa forma, dá um frio da barriga, mas quero que outras pessoas se sintam inspiradas por isso de alguma forma”, conta ela.

 “Sinto Muito”contou com a produção de Tróia e uma equipe de grandes nomes da música carioca na parte técnica. O álbum teve produção adicional de Lux Ferreira e Patrick Laplan. A mixagem ficou a cargo de Diogo Strausz e Pedro Garcia, esse último que também assina a masterização.

Duda Beat por Ana Alexandrino

FAIXA A FAIXA contada por DUDA BEAT


ANICCA: Anicca significa “impermanência”, conceito aprendido no retiro Vipassana que me trouxe uma nova perspectiva de vida. Com ela, ganhei segurança para compor e lançar minhas canções. O som de pássaros e insetos que abre a vinheta foi gravado no próprio retiro, em Miguel Pereira.

Bédi Beat: A música fala de uma dinâmica infelizmente ainda comum nessas relações de “pegação”: uma mulher sempre esperando, disponível, e o cara como “o dono da bola”. Inspirada num gênero que adoro, o brega, essa é a música que as pessoas mais cantam e dançam no show.

Bixinho: A música do disco em que eu curto essa onda de amor descompromissado, carnal, divertido. A letra é bem sensorial, tem uma vibe mezzo axé, mezzo latina, perfeita pra ser tocada numa pista quente.

Pro mundo ouvir: Um grito de desespero, os primeiros momentos de um amor que ainda não se assumiu. Foi a primeira canção a ser composta e a última a ficar pronta. Considero a faixa sonoramente mais original do álbum, um “trapzinho”. O trecho em rap, a base tocada ao contrário e a participação das irmãs De Alexandre também ajudam a dar personalidade à canção.

Parece pouco: Um rap que dialoga com todas as faixas do disco. O título é uma brincadeira com a duração curtinha da música.

Back to bad: Essa balada pop conta a história de um amor ressentido, daqueles que não conseguem emergir à superfície para respirar e seguir em frente. O verso que encerra a faixa, “my looooove”, é um choro gritado, rasgado, desarmado. Sem medo do ridículo.

Derretendo: Mais uma balada, a faixa é um relato romântico e apaixonado, mas também sensual, com aquele climão que convida para o corpo-a-corpo. Eu dedicaria a canção à musa Sade, referência atemporal de derretimento.

Ninguém Dança: Uma homenagem à noite cool do Rio de Janeiro (que não deve ser muito diferente de SP e outras metrópoles), onde todos (incluindo eu e meus amigos) nos reunimos nos bares para exibir os carões e os modelitos falsamente despretensiosos, mas ninguém parece se divertir de verdade. Uma crônica leve e debochada em hip hop.

 Egoísta: A canção do orgulho ferido. O clima sombrio está presente na letra e no arranjo, acentuado pelo contratempo da bateria e pelo backing quase acapella. Uma vingança que merece ser saboreada.

Bolo de Rolo: Reggae do empoderamento: “Minha mãe me ensinou que se é pra brincar de amor não pode ser desesperada”. Não à toa, por ser uma letra que prega a auto-suficiência, o nome remete à minha origem pernambucana, onde a mulherada é porreta demais.

 Todo Carinho: A faixa final é meu xodó, considero a pérola do disco, uma bossa-samba axé. Transborda de amor, tem muita delicadeza mas também joga o padrão de exigência lá pra cima: “todo carinho do mundo para mim é pouco”. Aquela tristeza bela que todo mundo já cultivou por algum amor encerrado.

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